segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Que "coisas" deve portar o professor de português no contexto argentino


Em 2009 decidi iniciar este caminho do conhecimento científico da/na língua portuguesa, há alguns anos, eu nem teria pensado quanto mudaria minha carreira e também por que não dizer minha vida.
Cheguei ao Brasil no mês de março (2010) em São Carlos (SP), com muito desejo de me tornar pesquisador em Linguística, conheci culturas, lugares, espaços, tempos, pessoas que me ajudaram a refletir sobre o meu objeto de estudo.
Eu tenho como objeto de estudo a formação do professor de Português para falantes não nativos, então me pergunto o que esse professor precisa saber ou conhecer, que coisas deve necessariamente portar para ensinar a língua portuguesa em um contexto como o argentino.
Contexto argentino que é difícil já que o ensino de português apesar de ser obrigatório na Argentina (lei nacional) ainda não está na maioria das escolas de Entre Rios.
Algumas respostas a essa pergunta estão aparecendo, algumas pistas referidas à competência comunicativa Canale & Swain (1980), mas isso alcança para se tornar professor?
Em algum congresso lembro que um palestrante disse, professor pode ser qualquer um, mas profissional não é qualquer um. Isto bateu muitos dias e muitas noites na minha cabeça, tentando descobrir o que mais devia saber ou conhecer. Claro que o mundo de hoje exige que um professor saiba lidar com a nova tecnologia, que ajude a refletir criticamente aos alunos sobre o uso dela.
Penso que alguns alunos do curso do profesorado en português estão saindo hoje das escolas e conforme o conceito de Marc Presnsk são nativos digitais ingressando na universidade para se tornarem em um futuro (quatro anos como mínimo) professor de português. E outros são imigrantes digitais que estão ali tentando lidar com as novas tecnologias, e se viram como podem.
Continuo pensando na portabilidade desse professor, ele precisará entender a sua prática futura, e dessa prática não pode mais escapar, fugir, ele deve contar com ferramentas para entender sua prática, refletir sobre ela...e aí é que vai precisar de conhecimentos básicos que todo pesquisador deve portar.
Então eu não vejo mais um professor de português “passivo” com conhecimento da língua que sabe dizer: “oi”, “como vai?”, “tudo bem?” e outras coisas um pouco mais avançadas. Isso já era!! ele precisa saber pesquisar também.
Seguindo no raciocínio o professor deve portar: uma competência comunicativa, ser pesquisador e eu acrescento agora sensível a questões interculturais.
Isso abre o campo de trabalho dos professores de português, conforme o meu orientador, uma língua que está em expansão nos mundos dos negócios, que desde a criação do MERCOSUL essa língua ganha interesse, com um Brasil forte economicamente, proximamente será sede da copa do mundo (2014) e das olimpíadas (2016), tudo isso é motivo de orgulho e de saber que somos agentes ativos neste processo de integração.
Finalmente penso em outras áreas, outros profissionais do futuro, seja contador, licenciado em sistema, licenciado em turismo, administrador de empresas..será que eles não precisarão saber português e ser sensíveis à cultura brasileira?

Julio